Quando engravidei da Sofia, dizia desde o início - e com propriedade - que seria uma menina. É, simplesmente eu sabia. Certamente são estas coisas que somente a espiritualidade explica; nada do que tange apenas o material é capaz de justificar estas certezas que parecem começar lá trás, no instinto.
Desde os primeiros meses sua presença era delicada em meu ventre, dando suavidade ao que eu já conhecia e às coisas que eu executava. Mexia de levezinho e me fazia companhia durante os longos dias de trabalho na agência.
Olhando para ela hoje, vejo misturadas essa doçura e fragilidade às traquinagens de criança, diferente do Theo, dono de um desasossego bem típico... aquele q de moleque intrépido, mais apimentado.
Rezam alguns sábios ditados e teorias, que meninas, normalmente, são mais ligadas ao pai, os têm como heróis. Raramente vejo diferente entre pais e filhas. Porém nós mães, somos a primeira e mais forte referência para nossas mocinhas; E como elas nos admiram, não é?
Sim, é uma relação de carinho e admiração, de laços bem estreitos, que depois, naturalmente, vai se modificando, passando por fases, ora mais fáceis, ora mais complicadas e nesta trajétoria, nossa responsabilidade é grande, pois mesmo que as demosntrações de afeto tornem-se mais latentes, seremos sempre o exemplo para os filhos, especialmente as filhas, seja para o que elas devam fazer, seja para o que não devam. Somos nós, antes de qualquer outra amiga, quem as ensinam sobre autoconhecimento, sobre feminilidade.
Sem precisar me aprofundar nisso tudo, me recordo logo da minha mãe. De uma relação extremamente complicada e super conturbada, com uma mulher que, mais tarde, descobri tão forte e tão decidida a fazer ou não as coisas, quanto eu. Calma, cheia de olhares... que de algum modo eu contemplava, tentava decifrar.
Era destas mulheres vaidosas, caladas, incógnitas (hoje é mais tranquila)... Ah e como eu olhava, olhava...
Não, nunca foi de muita conversa, ao menos não comigo, o que sempre lamentei. Mas sinto que de certa forma, isso ela me ensinou e com destreza, a não fazer; Sofia e eu passamos sempre muito tempo papeando e sempre terminamos abraçadinhas, aconchegadas por muitos sorrisos, sempre.
Foi e ainda é, uma escalada de desafios, meu relacionamento com minha mãe, mas...
Mãe é mãe. Nós as temos sob muito carinho e muito afeto e quando as nossas menininhas nascem, entendemos muito do que havia ficado perdido ou mal explicado, continuamos seguindo, aprendendo e acima de tudo amando muito mais, nossas mães e nossas filhas.
Mês passado a Revista RG trouxe uma super matéria que me inspirou o assunto. Falava um pouquinho sobre Dina Sfat (nome artístico adotado em homenagem à sua mãe). Por tudo o que já ouvi, ela foi mais que referencial, não só para suas filhas, como para toda uma geração. Uma mulher livre, bonita e dona de uma história emocionante, que minha mãe adorava me contar.
Separei algumas fotos e divido agora com todos, especialmente com mães e filhas:
Com o marido Paulo José, e as filhas: Ana, Clara e Isabel.
Além da beleza, destacou-se por
sua expressividade, inquietude e empatia com os palcos,
projetando-se rapidamente no meio artístico.
Com a amiga Renata Sorrah em 1972
Como Amanda na primeira versão de O Astro.
Diva, segundo minha mãe rs.
"Diva sem ser, referência politica sem querer, Dina soltou o verbo nos palcos brasileiros e fez história nas novelas da globo." Revista RG
Fotos: Google
e Revista RG
Beijo mãe
Beijo Sofia e
Beijo Theo