domingo, julho 25

BRILHO DO TEMPO


Envelhecer... definitivamente não sou boa nisso. Não o quanto eu realmente gostaria de ser. 
Não sei lidar com o tempo e as horas, batendo asas tão ligeiras, que quase não me permitem enxergar alguns detalhes do meu dia, do meu ser e do meu próprio caminho.
Apesar disso, acho a palavra tão bonita. Envelhecer traz para o meu coração a sensação de paz infinita, de sossego, de descanso nas certezas (quando jovens, somos demais ansiosos, cheios de dúvidas, de questões que nos atormentam)...
É como um lugar que quero chegar para me sentar na varanda, ver o mix de cores de vários pores de sol e sentí-los e agradecer e sorrir... ao mesmo tempo, é uma estação misteriosa essa, que sem dúvida me mete medo; talvez por ter que trabalhar com um questão que deixa de ser menos hipotética: a morte, essa viagem cheia do desconhecido que é sempre angustiante para o coração humano (eu acho).
O passar do tempo é algo que pode ser infinitamente desgastante, um quadro sem cores caso não saibamos lidar com isso desde sempre, sobretudo vivendo uma cultura como a nossa, onde o parecer ser e o ter, são muito mais valiosos que o fazer... que o fazer pelo próximo, que o angariar para o espírito.
Sinto (e lamento) que em algum momento, não sei por quais razões, assimilamos o sentido de nossa existência de modo equivocado, assumindo sentimentos como o orgulho por exemplo, como sistema de defesa, desencadeando outros traços extremamente nocivos e negativos para nós mesmos. E assim a sabedoria que o correr do relógio da vida nos acrescenta, fica esquecida, em detrimento à  coisas materiais e outras conquistas efêmeras; a sutileza dessa beleza aprimorada é tão pouco sentida e compreendida, que quando desembarcamos na fase "madura", sentimo-nos muitas vezes perdidos em nossos próprios questionamentos.
A velhice deve nos trazer consciência de que o mais relevante é o ser, o aprimoramento espiritual/moral (não necessariamente o religioso), que atingimos. Aquilo que de verdade carregaremos como conquista eterna. Somente assim poderemos colher os bons frutos da nossa passagem pela vida e saboreá-los de boca cheia junto dos que queremos à nossa volta, sem temores, sem dúvidas.

Texto inspirado no papo de domingo, entre minha cunhada e eu, depois de longos devaneios sobre o desenvolvimento dos nossos filhotes (eles vão crescendo e vamos nos sentindo mais velhos).

6 comentários:

Deia disse...

Oi Mi! Envelhecer... Voce descreveu de forma tao suave que precisei voltar a ler o comeco do seu post e confirmar que voce iniciou dizendo que tem medo desde processo. Para mim, pareceu que voce sabe exatamente onde ira chegar - vou pedir carona e sentar ao seu lado nessa estrada, amiga, adorei tudo que voce escreveu! Beijocas mil, otima noite de domingo! Deia.

Mi Satake disse...

Minha amiga linda!
Te senti tão perto nesse comentário, que já estou comentando em cima rs...
VC viu que conflito. Oque me parece é que sei a teoria, mas o lado prático ta é cheio de viés rsrs!
Adoro vc!

Bjo bjo e um excelente finzinho de noite pra vc tb!

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Michelle,

envelhecer faz parte da nossa existência e tudo mais que nos rodeia, mas, a gente hoje deve pensar em envelhecer com qualidade, viver tudo a seu tempo e aproveitar de forma de crescimento.
bem, é o que espero prá mim kkk

bjssss, lindo texto!

Betty Gaeta disse...

Oi Mi,
Os filhos crescem rápido demais, e esta é a alegria de envelher!
Amei o texto.
Bjkas e uma semana maravilhosa para vc.

Mi Satake disse...

é amigos, acho q como em todas as fases, há prós e contras, há subidas e descidas...
faz mesmo, parte da vida!

Bjuuuus pra todas!

S* disse...

Desde que seja feliz... não me importo.

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